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     03/05/2024            
 
 
    

Em outra ocasião já discuti nesta coluna a importância de melhorar forrageiras visando menor emissão de metano a fim de reduzir o impacto da pecuária no aquecimento global (vide coluna A pecuária e os gases de efeito estufa). Hoje apresento o tema a ser debatido no III Simpósio Internacional sobre Melhoramento de Forrageiras (SIMF) a ser realizado em Bonito, Mato Grosso do Sul, entre 7 e 11 de novembro de 2011. A organização é da Embrapa Gado de Corte e contará com 21 palestrantes e painelistas, entre estrangeiros e brasileiros (http://simf.cnpgc.embrapa.br/2011/index.php?option=com_content&view=article&id=48&Itemid=54&lang=pt). O público alvo são pesquisadores e professores da área de melhoramento genético vegetal e disciplinas associadas, técnicos de empresas do ramo de forrageiras e correlatas, alunos de graduação e pós-graduação em ciências agrárias. O objetivo geral do evento é apresentar e discutir temas atuais de relevância para o melhoramento genético de forrageiras visando viabilizar uma produção animal eco-eficiente. Para isso serão discutidos metodologias e resultados obtidos na avaliação de forrageiras frente aos estresses abióticos e bióticos relacionados às mudanças climáticas, estratégias de seleção de forrageiras visando à mitigação dos efeitos da emissão de gases de efeito estufa além de promover o debate visando à integração de equipes e a participação de alunos e novos profissionais em melhoramento genético de forrageiras.

A produção pecuária brasileira é feita basicamente em pastagens cultivadas durante grande parte da vida do animal. Isso devido ã aptidão natural do Brasil  por conta das condições climáticas, solos e topografia favoráveis trazendo vantagens competitivas para a carne brasileira por possibilitar a obtenção de produtos de qualidade a baixo custo. Entretanto, este cenário tende a ser alterado com as mudanças climáticas globais previstas, como o aumento de eventos extremos tanto de chuvas como de secas, aumentos de temperatura e de gases na atmosfera. A intensificação dos estresses térmicos e hídricos será um problema inevitável para qualquer agronegócio nos trópicos, por isso sistemas de produção de carne bovina baseados no uso de pastagens que apresentem maior plasticidade poderão, certamente, se adaptar melhor às mudanças previstas na temperatura e disponibilidade de água, e contribuir para a mitigação dos efeitos das mudanças climáticas e da emissão de gases de efeito estufa (GEE), aumentando a eficiência na absorção e fixação de carbono, reduzindo as emissões de metano e óxido nitroso dos componentes dos sistemas. 

Vários programas de melhoramento de culturas como o arroz, o milho, a soja, a cana-de-açúcar, iniciaram trabalhos de seleção e identificação de genes para tolerância a estresses abióticos como o alagamento e a seca. O gene DREB (Dehydration Responsive Element Binding Protein ou Proteína de Resposta à Desidratação Celular) com patente do JIRCAS (Japan International Research Center for Agricultural Sciences) está sendo utilizado em pesquisas para aumentar a tolerância à seca de culturas como soja, milho e algodão. Com temperaturas cada vez mais altas no mundo as plantas que consigam crescer e produzir com maior eficiência no uso da água são essenciais para o futuro da alimentação do mundo. Genes de tolerância a seca também estão sendo testados em cana e por ser uma gramínea poliplóide (com mais de duas cópias de cada cromossomo) como muitas das forrageiras tropicais, as técnicas de genômica, de triagem em casa-de-vegetação e campo podem ser muito úteis aos programas de melhoramento das nossas forrageiras. Por isso é importante convidar esses palestrantes para trocar informações e verificar possibilidades de interação das equipes em eventos como o III SIMF. A tolerância ao excesso de água é outro estresse a ser incluído nos programas a fim de identificar plantas que possam suportar solos encharcados nas áreas de produção, condição essa cada vez mais comum com a intensificação de tempestades. A Brachiaria humidicola é uma das forrageiras bem adaptadas a solos mal drenados e pode servir de planta controle em testes com outras forrageiras. Além disso, foi detectada em B. humidicola. a capacidade de inibir a nitrificação, processo esse que contribui para emissão de gás nitroso para a atmosfera (mais um gás de efeito estufa mais potente que o gás carbônico). As substâncias inibidoras da nitrificação liberado pelas raízes das B. humidicola afetaram bactérias nitrificantes sem afetar negativamente outros microrganismos do solo assim impediu a liberação de óxido nitroso de solo sem afetar outros processos de decomposição da matéria orgânica e absorção de nutrientes pela plantas. O especialista sobre esse assunto (Dr. Guntur Subbarao) é um dos palestrantes no III SIMF.

Para continuarmos a produzir carne de forma sustentável e ainda mantermos a competitividade da carne brasileira nos mercados externos é essencial desenvolver cultivares adaptadas a estresses bióticos e abióticos e que melhorem a qualidade da dieta do animal. Assim, é muito importante investir em programas focados no impacto das mudanças climáticas e integrar as equipes que já trabalham nessa linha a fim de adiantar o processo de obtenção de cultivares para uma pecuária eco-eficiente. 

 
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Murilo Carlos Muniz Veras
07/10/2011 - 14:32
Tenho minhas duvidas com respetio a essa propalada relacao de causa e efeito entre aþ§oes antr¾picas e a recente tendencia de aquecimento global. Faltam bases cientÝficas para isso pois a influÛncia do sol e de fatores ciclicos desconhecidos Ú tÒo grande que sobrep§e o conjunto das aþ§es humanas. + possÝvel haver, atÚ pelo contrßrio, uma nova mini era glacial. Importante Ú fazermos nossa parte, desenvolvendo pesquisas de resistÛncia a condiþ§es climßticas adversas, sem alarmismos que induzam a investimentos descabidos em projetos de pesquisa como "efeito de gases de ruminantes no aquecimento do planeta".
Podemos estar contribuindo inconcientemente para reduþÒo de investimentos altamente positivos nos paises em desenvolvimento, notadamente no Brasil, e atendendo interesses obscuros como de George Soros.

Murilo Veras
Fiscal Federal Agropecußrio
MAPA

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